Para cada ano da nossa existência mais um estudo que anuncia os pobres hábitos de leitura dos jovens portugueses. Já sabemos que os videojogos ganharam. Continuamos a escrever, a fazer teatro, a discutir arte pela esperança ingénua de um dia a lógica inverter-se, de um dia as crianças pedirem livros de teatro em vez de uma consola pelo Natal. O que é feito da escrita para teatro portuguesa? Onde é que a lemos? Como é que a lemos? O texto não morreu é um ciclo de leituras de textos dramáticos portugueses e, preferencialmente, actuais, escritos não há muito tempo, que nos permitem ler, escutar, discutir, no fundo, analisar texto — e desabafar sobre os espectros e imagens que fazemos quando lemos e/ou vemos teatro. Queremos textos que foram escritos para cena mas não editados, textos editados mas pouco discutidos, textos ainda por editar, textos perdidos em gavetas, textos por acabar, textos-hoje, queremos todos os textos.

Palco Principal ∙ SillySeason
30 de Setembro 2023

Desde 2012 que os SillySeason, coletivo de artistas composto por Cátia Tomé, Ivo Saraiva e Silva e Ricardo Teixeira, se servem do teatro como forma de vida. Desmembram-no, esticam-no, repensam-no e repensam-se, com uma estética autoral muito própria e um conjunto significativo de espectáculos que o comprovam. O texto não morreu chega ao seu terceiro capítulo do ano à boleia de Palco Principal, texto da nova criação do coletivo SillySeason que irá estrear uma semana antes em Guimarães, no Centro Cultural Vila Flor.

Deus é Transcendência Através do Corpo ∙ Roxana Ionesco
13 de Maio 2023

Enquanto intérprete trabalhou em teatro e cinema com nomes tão distintos como Mónica Calle, João Garcia Miguel, Ana Borralho & João Galante, John Romão, Pedro Pinho, entre outros. Deus é Transcendência Através do Corpo é a sua mais recente criação, onde também assina o texto e interpretação — em conjunto com Sofia Vitória. Estreou em Junho de 2022, na Rua das Gaivotas 6, depois de um processo de vários meses onde, por diversas zonas do país, recolheu testemunhos de mulheres cis, mulheres trans e pessoas não bináries a quem foi atribuído o sexo feminino à nascença sobre a sua sexualidade. É esse texto que vai passar por mais uma sessão d’O texto não morreu, um texto onde, nas palavras da própria, “o prazer é o centro — deixará de ser clandestino”.

Corpo Suspenso ∙ Rita Neves
4 de Março 2023

Actriz e criadora, formada no CENDREV, na Escola Superior de Teatro e Cinema e na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Colaborou com O Teatrão, Comédias do Minho, Tiago Vieira e Margarida Bento, criadores do Espaço Latoaria, que também habita. Em 2019, integrou "A Sacalina", de Tiago de Faria, a partir do universo biográfico de Tchekhov.
"Corpo Suspenso" é parte de uma investigação sobre o corpo como arquivo e tem como ponto de partida uma série de memórias e conversas com o seu pai, que serviu na Guerra Colonial. Tem apresentado o espetáculo em vários locais — Festival de Teatro de Almada, Festa do Avante!, Museu do Aljube, entre outros. Agora, a propósito d'O texto não morreu, é tempo de voltar ao texto que fundou o projecto.

Massa Mãe ∙ Sara Inês Gigante
26 de Novembro 2022

ACE — Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto, e a ESTC — Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa, foram as duas instituições onde Sara Inês Gigante se formou. Estreou-se em teatro pela mão de Pedro Frias, em 2014, em Ursos à Força, de Tchékhov. Depois disso, trabalhou por Jorge Silva Melo, Alex Cassal, Bruno Bravo, Pedro Gil, fez assistência a Tiago Guedes em A Matança Ritual de Gorges Mastromas. Estreou-se como criadora com YOLO (2021). Massa Mãe — que estreou em Junho de 2022 nos Festivais Gil Vicente, em Guimarães — é o seu segundo espectáculo, onde mergulha no baú de memórias infantis, refaz episódios familiares, reflecte sobre os costumes da sua aldeia minhota.

O Olho ∙ João Cachola
24 de Setembro 2022

Membro fundador d’As Crianças Loucas — a meias com Vicente Wallenstein —, João Cachola é intérprete, dramaturgo e encenador. Nascido em Lisboa, formou-se entre a Escola Profissional de Cascais e a Escola Superior de Teatro e Cinema. Em teatro trabalhou com Carlos Avilez, John Romão, Daniel Gorjão, Gonçalo Carvalho, entre outros. Miguel Gomes, Fernando Vendrell, João Pedro Nunes, foram alguns dos nomes com quem se cruzou em cinema. Em televisão tem somado participação em séries produzidas para a RTP. Para O texto não morreu traz-nos O Olho, o seu novo texto original para oito vozes femininas. Que fala de uma ela perdida na sua identidade, em cenários rebuscados.

Et cetera, et cetera ∙ Mariana Ferreira
28 de Maio 2022

Foi no TEUC — Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra que Mariana Ferreira deu os primeiros passos no teatro. Já em Lisboa, formou-se no ramo de actores da Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa antes de participar, em 2019, a IV edição do Laboratório de Escrita para Teatro do Teatro Nacional D. Maria II, onde escreveu Pin my Places, que viria a ser encenado, no mesmo sítio, por Rui Horta. Em 2020/21, integrou a edição especial de dramaturgia da École des Maîtres, onde escreveu Et cetera, et cetera, texto que vai agora ser lido no Montijo e levado a cena em 2023. Um texto que, através de memórias poeirentas, faz a pergunta milenar: é possível mudar?

Topografia ∙ Teatro da Cidade
5 de Março

Topografia é o segundo espectáculo do Teatro da Cidade — companhia fundada por Bernardo Souto, Guilherme Gomes, João Reixa, Nídia Roque e Rita Cabaço — e a primeira ocasião em que se atiram à escrita, depois de em 2016 se terem estreado com Os Justos, de Camus. É assim que arranca O texto não morreu, com a leitura de um texto escrito a várias mãos e que quer pensar a questão da comunidade, o individual e o colectivo, a pausa para almoço dos trabalhadores de uma fábrica e a beleza de uma reunião de condomínio.